segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Peneira

Aborreço-me facilmente, porque a paranoia é feito um bicho papão que mora embaixo da cama, mas que só dá as caras depois que você apaga a luz e deita. A propósito, são 04h28 e eu ainda não dormi, de novo. Tá tudo bem, acredito eu. Ainda dá tempo de escrever em pequenos cartões todas as coisas que deveriam ser ditas e jogar essa caixa que parece pesar uma tonelada no rio sujo da cidade que eu moro. A sensação que fica pós sair do fundo do poço, é que tem certas sequelas que a gente não consegue se desfazer. Acaba ficando umas manchas espalhadas pela pele, que nem se eu comprasse todas as Clariderme do mundo, eu conseguiria transformar no que costumava ser antes. Loucura essa vida, né?

Para ser honesta, fiz tantos planos para os próximos 357 dias talvez por estar apavorada com um futuro que não me grita nada em retorno, nem uma única pista. E, ainda sim, possuo um percentual equivalente a zero das certezas que gostaria de ter. A gente fica se gabando de toda a tecnologia e conhecimento, mas eu ainda não encontrei um único algoritmo que me permitisse encontrar o amor ao mesmo tempo em que ele me acha, entende o que quero dizer? Nem as próprias decisões que eu tomei conseguem descrever como um sentimento consegue brotar e se proteger nas minhas entranhas, onde as minhas mãos de ferro não conseguem alcançar. Nem os meus livros. Nem os meus roques tristes. O meu coração ficou igual uma peneira nos últimos anos e eu cansei de me convencer que é só uma roupa de poás.  

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