Aborreço-me rápido. Prendo-me em detalhes minúsculos e morro
de medo. Sou apavorada com as possibilidades da vida e tudo aquilo que possa,
de alguma forma, rasgar o meu coração – embora ele ande apertadinho e chateado
nesses últimos dias.
Tenho conversado muito comigo mesma, não sei olhar para a
sua pessoa e falar o que sinto na hora que isso me ocorre. Aliás, mesmo que o
tempo me consuma, raramente sei dizer o que acontece dentro de mim. Fico aqui,
ouvindo Pearl Jam e escrevendo umas besteiras, só porque não sei ouvir em voz
alta o que meu músculo involuntário tem para falar.
Preciso respirar fundo. Minha bronquite asmática e pulmão de
fumante invadem toda essa minha respiração prejudicada e dou meios sussurros,
meios resmungos. Gostaria de saber como me fazer clara nessa altura do
campeonato, mesmo que não se trate de um jogo.
Que soquinho no peito, cara. Juro que ficou um puta hematoma
depois da porrada. Certas coisas assinalam na alma gente, feito uma tatuagem
que não se pode mais apagar. E eu bem sou do tipo que remói as coisas, e fica
analisando de novo e mais uma vez todos os fatos, me torturando com todas as
vias que levam para o mesmo final.
(Fiquei com vergonha. Não sabia como eu deveria me sentir e,
tudo que mora em mim se embrulhou, feito um murro no estômago. Fiquei triste
também, porque várias partes de quem eu sou se sentiram trocadas, substituídas,
feridas de alguma maneira. Tô meio raivosa, porque não consigo evitar todos
esses muros de concreto se levantando um atrás do outro. Vai passar, tá tudo
bem, só perdi umas batalhas antes vencidas dentro de mim.)
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