quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Desabafos de uma pré-adulta #01

Parei para pensar na estupidez que é essa minha mania de fazer planos. Vivo os fazendo, como se fosse possível ser exatamente quem eu espero me tornar no próximo segundo sem que a vida destrua isso. Quem eu fui no segundo que passou, já não é mais quem eu sou agora, que dirá em cinco ou dez anos. Mesmo assim, ainda sou o tipo de pessoa que planeja, porque acho importante ter em que se segurar quando as coisas parecerem meio perdidas. Sei que a vida sempre se encarrega de destruir uns sonhos, mas planejar é saber que posso deitar a cabeça no travesseiro e sonhar mais uma vez. Ainda não sei o que fazer com essa vida assalariada na qual achei, há quase seis meses, que me negaria até a morte participar mais uma vez. Infelizmente a vida adulta tem dessas coisas e, em alguns momentos, precisamos nos render as mais odiadas tarefas para que tudo continue fluindo; por isso me rendo e vendo minha alma por oito longas horas, porque meu aluguel não será pago sozinho e a comida não vai aparecer magicamente em minha geladeira mais. É preciso fazer dinheiro, para que haja a possibilidade de investir em algo, para ganhar dinheiro. Toda a certeza que tenho é que ainda não estou preparada para abandonar por completo a parte de mim que mora numa adolescência birrenta e rebelde; ainda anseio pela sensação glorificante de me negar a sair da cama quando algo me entristece, como se nada pudesse me abalar naquela montanha de edredons. Infelizmente ficar na cama hoje pode abalar o meu emprego,o meu futuro financeiro, a minha quase estabilidade ainda distante, os meus planos para investir no que eu gosto, o futuro de uma vida que não tem nada a ver com a minha dor interna. São tantos poréns que me prendem que ainda choro no banho,feito criança precisando de um sopro no machucado depois do mertiolate que arde. Já faz quase um ano que vivo essa vida de me esguelar pelos cantos da casa, ainda não sei se recomendo, embora eu leve em consideração que tudo tem um darkside e a independência dos pais pela lógica jamais seria mil maravilhas.

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